Monday, January 22, 2018

O amor, arde, aperta.... Clarice Lispector.

Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar, ela ama a pessoa errada ou pelo menos no momento incerto.
Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente, o amor, este amor confuso, que não aquieta e sim inquieta, agita, confunde coração e alma.
O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba e pode nunca mais voltar, é hoje na sua vida mais uma experiência, mas uma tentativa de viver um imensurável amor e quem sabe um dia, ser feliz.
Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, encara os desafios, o tempo é sempre fugidio, o amor não se afirma, mas confirma que mesmo assim vale à pena enfrentar as dores e os desafios deste amor e o fogo doce arde, arde, flameja.
Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja, inquieta para aproveitar do tempo, todo o tempo que lhe for oferecido, pois o amor que ade, aperta, flameja e a faz voar, faz vibrar coração, entranhas e alma.
Clarice Lispector

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